segunda-feira, 9 de junho de 2008

Quase


Depois da terceira tentativa conseguiu abrir finalmente a porta.

Colocou as sacolas do supermercado no chão da cozinha, jogou a bolsa no sofá e enquanto tirava brincos e anéis escutou suas mensagens.

Não eram muitas. Algumas foram instantaneamente deletadas.

Convites, cobranças, uma deixada por si mesma para não esquecer o que deveria lembrar... e quase derpercebida a daquela voz tão singular.

Fingiu não se importar.

Tirou os sapatos que ainda machucavam.


Eliminou tudo que pesava sobre seu corpo como se assim também desafogasse sua alma.

Não conseguiu mais fingir e escutou mais uma vez a tal mensagem. Repetiu outra vez.

Teve o impulso de soltar uma gargalhada nervosa.

Suspirou e deixou brotar um sorriso tímido.

O tom formal banhado de cordialidade quase lhe entristeceu, quase lhe envaideceu, quase lhe enlouqueceu, quase lhe aborreceu... quase lhe enganou.

Mas ela havia aprendido a ler as entrelinhas e viu-se apenas em direção à pilha de CDs.

Enquanto apertava o
play condimentou sonhos, planos e nostalgia.

Sem espaço para hesitações resolveu continuar o caminho incerto,mesmo com o mercado e o risco cada vez mais desfavoráveis a tudo que almejava.


Romina Cácia

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