segunda-feira, 5 de maio de 2008

Ausente de si mesma

Existe coisa mais cruel que o mundo não parar para que você possa se recompor e voltar a funcionar? Talvez sim: sabotar a si mesma.

Deveriam te presentear com uma licença até que tudo voltasse a pelo menos um estado suportável. É por isso que as pessoas adotam medidas extremas e amputam braços, tentam o suicídio…
Seria tão mais simples se levassem a sério a dor de um coração em caquinhos…

Tive a sorte de ter tido um professor que entendia um poco dessa fase, quer dizer, não especieficamente dessa, mas de outra também muito problemática e menosprezada. Meu professor de biologia da educação era a favor de que suas alunas não fossem a aula ou fizessem provas se estivessem com TPM. Ele fazia uma cara de sério, quase pensativo e com um sorriso de lado, afirmava sem espaço para gozações: “ Não brinco com coisa séria. Hormônios são perigosos e o mais importante de tudo: mulheres com TPM tem 50% mais de chances de cometer homicídios e eu quero viver por um bom tempo” .
Não sei se alguém teve a coragem de utilizar o arguemento para postergar qualquer obrigação acadêmica. Saí antes do final do período.


Só sei que um desses me cairia muito bem…

Já não são somente meus hormônios, eu mesma ando me traindo. Sabotar a si mesma é o cúmulo. Como já disse antes, vivo num conflito sem fim entre todos os meus eus. De repente todos se revoltaram e resolveram fazer greve. Fiquei só com a memória mínima daquilo que seria exponencialmente essa que vos fala, quer dizer, escreve.

Como a memória é mínima, o espaço é seletivo e, definitivamente, isso não assegura decisões precisas. Folheio e remexo em lembranças que deveriam não ser tocadas, pelo menos por agora, por uma questão de preservação. Recebo uma explicação que em segundos se desvai e fica perdida sei lá em qual arquivo. Escuto, racionar e compreender é outra história. Também vale o trocadilho com viver e sobreviver(é assim? Nunca aprendi essa palavra).

Meu ritmo sempre foi um pouco lento em relação ao resto do universo. Ultimamnete tenho percebido o mundo girar cada vez mais veloz… e eu aquí estancada querendo entender como que se posiciona o filete da publicidade do jornal de ontem…

Certo é que o mundo faz questão de lembrar a você que ele não vai ser piedoso e te fornecer a colher de chá de manerar um pouco para que seu eu volte ao normal. Quanto mais tentar se esconder, mais ele vai lá cutucar e gritar o seu nome. Isso além de metáfora pode ser levado ao pé da letra. Por que raios meu nome tem que ser tão singular para facilitar a vida de professores que gritam do fundo da sala que eu estou fazendo errado o que deveria ser feito?!

Sim, mundo, eu admito… ando fazendo tudo ao contrário do que deveria ser feito. Deixei de paquerar comigo, abandonei meu fiel esconderijo, chutei o pau da barraca , desisti de tudo, virei pesadelo e tenho problemas com tentativas remotas de sonhar.

Levantar é cada vez mais difícil… ter coragem para estufar o peito e admitir que eu sou eu é quase impossível.

Mas como assim não é permitido tirar férias de si mesmo?

Já que é assim, aceito a proposta de comprar(em 12 vezes no cartão, é claro) a super oferta para reorganizar tudo aquí, fazer uma faxina geral e seguir com a maré… já que levar o barco, por enquanto, é pedir demais.

Romina Cácia

Um comentário:

Cla disse...

Cherrie,a vida tem dessas coisas mesmo.As vezes é preciso se perder(e até perder),pra se achar,por mais estranho que isso possa parecer!E muito obg pelos elogios sempre generosos!
=*